segunda-feira, 20 de abril de 2009

Trabalhos de Tania Alves na TV (Minisséries): "Lampião e Maria Bonita" (1982)


"Lampião  e  Maria  Bonita" foi a primeira minissérie produzida pela Rede Globo de Televisão, e  estreou  às 22h do dia 26 de abril de 1982. A produção teve no total oito capítulos, com roteiro assinado por Aguinaldo Silva e Doc Comparato, e direção de Paulo Afonso Grisolli.

Nos papéis principais estavam os atores Nelson Xavier e Tania Alves. O enredo era baseado na vida do cangaceiro mais famoso do Brasil, Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, e sua companheira, Maria Bonita.


"Devo a ela (Maria Bonita) a minha decolagem como atriz! Foi o papel que me deu o grande reconhecimento popular, além do prêmio APCA de Atriz de Televisão, entre outros. A minissérie fez um sucesso absurdo e eu ainda não havia passado por essa experiência. Eu conhecia apenas o prestígio profissional, o reconhecimento através dos prêmios que ganhei por trabalhos em cinema e teatro, nos quais o alcance do seu trabalho é muito menor. Não sabia como era ser apontada na rua, dar autógrafos e ser famosa... No dia da estreia da minissérie, 26 de abril de 1982, eu estava fazendo um show em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Quando acabou a apresentação e saí do teatro, havia uma multidão querendo ver a Maria Bonita. A repercussão do seu trabalho na televisão é instantânea. Esse trabalho me levou ao estrelato: muitas entrevistas, capas de revistas, convites para festas, ofertas de trabalho, comerciais de televisão... Todo mundo queria conhecer melhor a Tania Maria Bonita Alves", afirmou Tania no livro 'Tania Maria Bonita Alves', da Coleção Aplauso.


"Durante as gravações ficamos hospedados em Paulo Afonso, na Bahia, e de lá viajávamos para as locações nos sertões de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Eu acordava sempre às 4 horas da manhã para me preparar e cuidar de todos os detalhes. Dava um trabalho enorme a minha caracterização de época e aquelas ondinhas que tinha que fazer no cabelo. Eu também era muito branca e tinha que maquiar o corpo todo. Para encarnar Maria Bonita fiz trabalho de composição: estudei o sotaque baiano, pesquisei tudo que havia sobre o casal e, assistindo aos documentários que a Rede Globo forneceu. Tive que engordar 8 quilos para ficar mais parecida fisicamente com as mulheres daquela época. Depois criei um andar para ela e lhe dei um porte de rainha, uma altivez que acredito que ela tivesse. Geralmente me aproximo das personagens, descobrindo o jeito como elas se movimentam no ambiente delas", revelou Tania no livro.


Trama

Obra pioneira, Lampião e Maria Bonita inaugurou um novo formato de programa na Rede Globo, o de minisséries, levando para a tela um dos mais conhecidos episódios da história nacional. O enredo é baseado na vida do mais famoso cangaceiro do Brasil, Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, um pernambucano nascido em 1899, que se transformou no mais forte símbolo do cangaço. Lampião era conhecido como o rei do cangaço. Praticamente cego do olho direito, andava mancando, devido a um tiro que levou no pé esquerdo durante um conflito no sertão. Em suas andanças, conheceu Maria Bonita, a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros, com quem teve uma filha, Expedita. A história de Aguinaldo Silva e Doc Comparato acompanha os últimos seis meses de vida de Lampião e Maria Bonita, período até hoje um tanto obscuro na história. Apesar da extensa e cuidadosa pesquisa histórica, a minissérie não pretendeu ser extremamente fiel aos acontecimentos, trazendo à narrativa elementos ficcionais.

A trama tem início com o sequestro do geólogo inglês Steve Chandler (Michael Menaugh) pelo bando de Lampião (Nelson Xavier). A partir daí, acompanha-se as negociações entre Lampião e o governo da Bahia e as inúmeras perseguições e fugas do bando, durante as quais o grupo vive momentos de grande tensão.


Elenco/Personagens

NELSON XAVIER - Lampião
TANIA ALVES - Maria Bonita
ROBERTO BOMFIM - Sargento Libório
REGINA DOURADO - Joana Bezerra
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO - Secretário do Interior da Bahia
JOSÉ DUMONT - Tenente Zé Rufino
GILSON MOURA - Tenente Zé Batista
JOFRE SOARES - Coronel Pedrosa
HELBER RANGEL - Linfolfo Macedo
MICHAEL MENAUGH - Steve Chandler
JOHN PROCTER - Mr. Fry
ANTÔNIO POMPEO - Sabonete
MARCUS VINÍCIUS - Gavião
SILVIO CORREIA LIMA - Corisco
LU MENDONÇA - Dadá
MARCO ANTÔNIO SOARES - Telegrafista
JUREMA PENA - Mariinha
JOMBA - Manoel Severo
HILEANA MENEZES - Alice
MARIA ALVES - Mabel
ILVA NIÑO - Odete
ARNAULD RODRIGUES - Motorista de Steve Chandler


Ficha Técnica

Autoria: Aguinaldo Silva e Doc Comparato
Direção: Paulo Afonso Grisolli e Luís Antônio Piá
Produção do núcleo: Paulo Afonso Grisolli
Período de exibição: 26/04/1982 – 05/05/1982
Horário: 22h15
Nº de capítulos: 08




Produção

Para produzir a série, autores, diretores e produção visitaram as regiões em que o cangaço imperou, percorrendo de Geremoabo, na Bahia – município onde nasceu Maria Bonita –, até Angicos, em Sergipe, onde os dois foram mortos. A minissérie foi gravada em diversas cidades do Nordeste: Piranhas, Olho D’Água do Casado, Salvador, entre outras. Outras cenas foram feitas nos estúdios da Rede Globo e em Maricá, no Rio de Janeiro. As locações no sertão foram escolhidas a dedo: todos os locais por onde Lampião e Maria Bonita passaram com seu bando.

Cerca de cem profissionais da TV Globo ficaram um mês no Nordeste para realização da minissérie. Para que o equipamento suportasse o calor e as árduas condições de trabalho, foram montadas duas unidades portáteis: uma de supervisão e outra de manutenção. Uma das unidades estava sempre revendo os equipamentos.

O projeto de Lampião e Maria Bonita foi tratado com muito cuidado em todas as etapas da produção. Para a maquiagem, foi convidado Jaque Monteiro, profissional conhecido por trabalhos no cinema, como os brasileiros Dona Flor e seus dois maridos, Dama do lotação e Rio Babilônia, e Fritzcarraldo, do alemão Werner Herzog. Foi o primeiro trabalho do maquiador em televisão.

Para a criação do figurino, a visita ao Museu Antropológico do Ceará foi extremamente importante. Lá estão expostas as indumentárias de Lampião e Maria Bonita, e a equipe de produção pôde fotografar todo o material, privilegiando os detalhes. Através da pesquisa da indumentária, a equipe constatou que os cangaceiros eram muito vaidosos. Suas roupas mostravam suas glórias, eram carregadas de enfeites, até mesmo suas armas eram enfeitadas. As roupas eram todas bordadas e o artesanato que produziam em couro era extremamente sofisticado.

Curiosidades

"Lampião e Maria Bonita" foi o primeiro resultado de uma nova proposta de linguagem dentro da teledramaturgia da Rede Globo: as minisséries. Com três núcleos de produção, comandados por diferentes diretores – Daniel Filho, Paulo Afonso Grisolli e Walter Avancini –, a TV Globo inaugurou mais um formato em sua programação.

Apesar da sólida base histórica, o texto de Lampião e Maria Bonita é uma obra de ficção. Embora se tenha realizado uma pesquisa minuciosa, em que autores, diretores e produtores percorreram a região do cangaço, onde foram feitas investigações e inúmeras entrevistas sobre os protagonistas da história e suas origens, os autores optaram por ter liberdade ficcional.

Lampião e Maria Bonita foi premiada com a medalha de ouro do Festival de Filmes e Televisão de Nova York. A minissérie foi vendida para a Guatemala, Itália, Irlanda, Peru, Portugal e Uruguai. Reapresentada em março de 1984; em 1990, no Festival 25 anos, em versão compacta de cinco capítulos; e em junho de 1991, no Vale a pena ver de novo.


Trilha Sonora

Responsável pela produção musical, Roberto Nascimento criou uma espécie de roteiro musical, sem se deter somente no aspecto regional do seriado. O compositor buscou a valorização de instrumentos regionais para criar uma música universal. A canção Mulher nova, bonita e carinhosa, de Zé Ramalho e Otacílio Batista, gravada por Amelinha, foi uma das músicas da trilha.

 




Veja no vídeo abaixo um clipe de imagens de Tania Alves em "Lampião e Maria Bonita":




Fontes:
Acervo Rede Globo
Site Memória Globo
Site Teledramaturgia
Livro 'Tania Maria Bonita Alves' - Por Fernando Cardoso. Coleção Aplauso - Imprensa Oficial do Estado de São Paulo - 2010.
Acervo Leo Ladeira Site As Cantrizes


2 comentários:

  1. Uhu maeii o bom é que achei tudo pro meu trabalho de HISTORIA DE PERNAMBUCO
    XD XD XD D XD XD XD XD XD XD XD XD XD XD XD XD

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  2. marcelo guimaraes cordeiro7 de dezembro de 2012 às 11:24

    esse seriado e otimo podia ser reprisado na tv aberta ou fechada, ou merecia um remake, mas contando com a presença da tania alves e do nelson xavier... tenho esse seriado completo em dvd e tambem o compacto, nao canso de ver.marcelo cordeiro do r.j.

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